Graças às células, paciente não precisa tomar remédios pós-transplante
Um médico de Barcelona realizou o primeiro transplante de traquéia do mundo e sem usar imunossupressores (medicamentos que cortam ações imunológicas). A cirurgia apenas aconteceu dessa maneira porque a traquéia doada foi lavada várias vezes. E, em seguida, recebeu células-tronco da própria receptora.
O transplante foi feito em junho pelo médico Paolo Macchiarini, no Hospital Clínico de Barcelona. Claudia Castillo colombiana de 30 anos [na foto] , residente na Espanha, que recebeu a traquéia sofria com graves problemas respiratórios devido a uma tuberculose que causou um colapso do pulmão esquerdo, logo após a bifurcação da traquéia
O doador era um homem de 51 anos morto por hemorragia cerebral. Após fazer 25 lavagens para eliminar do órgão todas as células do doador, Macchiarini refez a traquéia com as células da própria receptora.
Após ser lavada com um sistema de detergentes enzimáticos, a traquéia ficou reduzida a uma estrutura livre de qualquer antígeno do doador. Um pouco antes da cirurgia se inseriram cerca de 100 mil células epiteliais da paciente.
Também colocaram condrócitos (células de cartilagem) na parte externa do órgão, diferenciadas a partir de células-tronco procedentes de sua medula óssea.
Macchiarini assinalou que a engenharia de tecidos tornou possível a intervenção duplamente inovadora, pois a traquéia transplantada é um híbrido entre o órgão do doador e as células-tronco epiteliais de receptora.
Quatro meses depois da cirurgia, Macchiarini afirma que as chances de surgirem sinais de rejeição do órgão no corpo da paciente são praticamente nulas.
"Nós estamos muito animados com os resultados. Ela está curtindo uma vida normal, o que para nós, os médicos, é um presente muito bonito.", diz Macchiarini.
Caso não funcionasse, a única alternativa seria a retirada de um pulmão da paciente que hoje leva uma vida quase comum. Ela cuida normalmente dos dois filhos sem precisar tomar nenhum remédio. Sendo que, há poucos meses, sentia dificuldade em falar e andar.
Para Martin Birchall, pesquisador da universidade britânica de Bristol, que ajudou a criar a traquéia híbrida, o transplante significa uma "grande mudança" nas técnicas de cirurgia.
"Os cirurgiões podem agora começar a entender o potencial das células-tronco de adultos e desenvolvimento de tecidos para radicalmente melhorar a sua habilidade de tratar pacientes com doenças graves."
Para Birchall, em 20 anos, praticamente todos os transplantes de órgão serão feitos desta forma.
Fonte: g1.com.br e bbc Brasil.com
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