segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O TRANSPLANTE X A COMPATIBILIDADE DE TECIDOS

O transplante de tecidos e órgãos de um indivíduo a outro é um processo complexo. Normalmente, o sistema imune ataca e destrói o tecido estranho (um problema conhecido como rejeição do enxerto). O tecido doado deve ter a máxima afinidade possível com o do receptor para reduzir a gravidade de uma rejeição.

Para que os tecidos sejam compatíveis o máximo possível, os médicos determinam o tipo de tecido tanto do doador quanto do receptor. Os antígenos (substâncias capazes de estimular uma resposta imune) estão presentes na superfície de todas as células do corpo. Quando um indivíduo recebe um tecido transplantado, os antígenos deste tecido alertam o corpo do receptor de que se trata de um tecido estranho. Existem três antígenos específicos na superfície dos eritrócitos (os antígenos A, B e Rh) que determinam se uma transfusão de sangue será aceita ou rejeitada. É por este motivo que o sangue é tipado de acordo com esses três antígenos, tornando possível uma melhor compatibilização. Um grupo de antígenos denominados antígenos leucocitários humanos (HLA) é de máxima importância quando são transplantados tecidos e não eritrócitos (hemácias, glóbulos vermelhos). Quanto maior for a compatibilidade dos antígenos HLA, maior a probabilidade de êxito do transplante. No entanto, os especialistas continuam a discutir sobre os benefícios que este processo pode aportar, especialmente nos transplantes de fígado.

Geralmente, antes de qualquer órgão ser transplantado, os tecidos do doador e do receptor são examinados para se comprovar o seu tipo de HLA. Em gêmeos idênticos, os antígenos HLA são exatamente os mesmos. Nos pais e na maioria dos irmãos, vários dos antígenos HLA são os mesmos, mas outros diferem. Um em quatro pares de irmãos compartilham antígenos HLA e são compatíveis. Nos indivíduos de famílias diferentes, poucos antígenos HLA são iguais.


SUPRESSÃO DO SISTEMA IMUNE

Mesmo quando os tipos de HLA são compatíveis, os órgãos transplantados são geralmente rejeitados, a menos que o sistema imune do receptor seja mantido sob controle. A rejeição, quando ela ocorre, geralmente inicia logo após a realização do transplante, mas pode tornar-se evidente semanas ou mesmo meses depois. A rejeição pode ser leve e facilmente suprimida ou pode ser significativa, evoluindo apesar do tratamento. A rejeição não somente pode destruir o tecido ou o órgão transplantado, mas também pode causar febre, calafrios, náusea, fadiga e alterações súbitas da pressão arterial.

A descoberta de que certas drogas podem suprimir o sistema imune aumentou muito a porcentagem de êxito dos transplantes. Contudo, as drogas imunossupressoras apresentam riscos. Embora elas suprimam a reação do sistema imune contra o órgão transplantado, elas também impedem que o sistema imune combata as infecções e destrua outros materiais estranhos.

A supressão intensiva do sistema imune é comumente necessária apenas durante as primeiras semanas que se seguem a um transplante, ou quando um órgão transplantado parece estar sofrendo rejeição. Após esse período, doses menores das drogas, as quais devem ser utilizadas indefinidamente, habitualmente suprimem o sistema imune o suficiente para controlar a rejeição.

Muitos tipos diferentes de drogas podem atuar como imunossupressores. Os corticosteróides (p.ex., prednisona) são freqüentemente utilizados. Inicialmente, esses medicamentos podem ser administrados pela via intravenosa e, após a cirurgia, administrados pela via oral. Durante muito tempo, a azatioprina foi a base do tratamento imunossupressor e várias outras drogas, incluindo o tacrolimus e, mais recentemente, o micofenolato de mofetila, foram aprovadas para essa finalidade. A ciclosporina é outro imunossupressor comumente utilizado. Outros imunossupressores incluem a ciclofosfamida, utilizada principalmente nos transplantes de medula óssea; a globulina antilinfócitos e a globulina antitimócitos; e os anticorpos monoclonais antilinfócitos T.


FONTE: MERCK SHARP & DHOME

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